Nascida em 03 de janeiro de 1989, é natural de São Paulo, mas atualmente reside em Recife, Pernambuco. Ela é uma mulher travesti de pele branca e orientação sexual heterossexual, e sua espiritualidade é caracterizada pelo agnosticismo.
Julia cresceu em uma família conservadora e tradicional. Sua mãe, originária do Ceará, mudou-se para São Paulo na adolescência, onde conheceu seu pai, um homem negro nascido e criado em São Paulo. Julia é a primeira de três filhos.
Sua infância se desenrolou em Guarulhos, no bairro do Pq Continental 3, uma região de recursos limitados onde sua casa foi uma das primeiras a ser construída na rua. Hoje, o bairro passou por transformações significativas.
A família de Julia enfrentou diversos desafios, e durante a adolescência, em um período de crise, todos começaram a frequentar uma igreja evangélica, a Assembleia de Deus do Bom Retiro. Foi nesse ambiente que Julia passou sua adolescência, envolvendo-se em atividades como dança, teatro e até mesmo aprendendo a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS).
A vida de Julia deu uma reviravolta aos 19 anos, quando ela decidiu falar como pessoa trans. Isso resultou em resistência e rejeição por parte de sua família. Para seguir com sua educação, ingressou na faculdade de psicologia.
Aos 23 anos, devido à falta de apoio e aceitação em relação à sua identidade de gênero, Julia teve que sair de casa. Embora já soubesse que era uma pessoa trans, ela não podia se assumir completamente naquela época, pois isso poderia prejudicar seu trabalho e sua educação. No entanto, ela nutria a esperança de que um dia poderia realizar sua transição.
Julia completou sua graduação em psicologia, mas enfrentou dificuldades para encontrar emprego na área. Como alternativa, ela buscou uma especialização em Psicologia Política. Durante esse período, ela se tornou representante do IBRAT (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades) e conduziu pesquisas sobre a história do movimento dos homens trans no Brasil.
Posteriormente, Julia iniciou um projeto chamado Bee Ajuda em parceria com o Canal das Bee, que oferecia apoio psicológico online para a comunidade LGBTI+. Foi durante esse projeto que Julia iniciou sua jornada de transição de gênero, pois estava em um ambiente mais favorável.Após o término do projeto em 2018, Julia estabeleceu sua clínica particular como psicóloga.
Ela também se envolveu em projetos literários, como o Slam Marginália, que promovia a poesia para pessoas trans. Suas poesias foram publicadas pela Editora Heliópolis, e ela lançou um livro intitulado 'Amor&Revolta'.
Em 2020, Julia mudou-se para Recife, onde reside até hoje. Em 2022, ela foi admitida em um programa de mestrado que atualmente está concluindo. Sua pesquisa concentra-se na construção realizada por pessoas trans e travestis no contexto da Redução de Danos, um campo de saúde pública onde a comunidade trans desempenha um papel fundamental desde o início."
Foto: Arquivo pessoal
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