Cláudia Celeste, uma atriz e dançarina trans brasileira nascida em 1952 no Rio de Janeiro, foi uma figura revolucionária na história da representatividade LGBTQIAP+ no Brasil. Sua jornada começou no emblemático Beco das Garrafas, onde ela se destacou como dançarina, capturando a atenção do público com seu carisma e talento inegável. Em 1976, sua trajetória ganhou um impulso significativo quando ela foi coroada Miss Brasil Trans, um reconhecimento que abriu as portas para novas oportunidades em sua carreira artística.
O talento de Cláudia não passou despercebido no mundo do entretenimento. Ela chamou a atenção de figuras influentes, como Carlos Imperial, que lhe deu o nome artístico sob o qual ela se tornaria conhecida. Sua habilidade única como artista a levou a uma oportunidade inesperada na televisão em 1977, quando foi convidada por Daniel Filho para uma participação na novela "Espelho Mágico". Sua performance ao lado de Sônia Braga foi um marco, pois ela se tornou conhecida como a "primeira travesti na TV". No entanto, a descoberta de sua identidade de gênero pela imprensa causou uma onda de preconceito, e suas cenas subsequentes na novela foram canceladas pela direção da Globo.
Após enfrentar essa rejeição, Cláudia não se deixou abater e continuou sua carreira com determinação. Ela se mudou para a Europa em busca de novas oportunidades, mas retornou ao Brasil onde sua resiliência e talento lhe renderam uma conquista histórica. Em 1988, ela estreou em "Olho por Olho", da extinta TV Manchete, interpretando uma personagem travesti desde o início até o fim da novela. Sua atuação foi aclamada e ela entrou para a história como a primeira travesti a ter um papel fixo em uma novela brasileira.
Além da televisão, Cláudia Celeste se destacou no teatro, participando de diversos espetáculos notáveis. Ela atuou em peças como "Gay Fantasy", dirigida por Bibi Ferreira, entre outras produções que realçaram sua versatilidade e profundidade como artista.
Infelizmente, a vida de Cláudia foi interrompida prematuramente. Ela faleceu em 13 de maio de 2018, aos 65 anos, após uma carreira marcada por desafios e triunfos. Sua morte deixou um vazio no mundo das artes e na comunidade LGBTQIAP+, mas seu legado vive.
Em 2022, Cláudia foi homenageada pelo Google Brasil com um doodle, reconhecendo sua importância e influência como pioneira na luta pela representatividade e direitos da comunidade trans no Brasil.
A história de Cláudia Celeste é uma inspiração de coragem e resiliência, demonstrando que, apesar dos desafios impostos pela sociedade, é possível romper barreiras e deixar uma marca indelével na história e na cultura.
Foto: Leo Martins / Agência O Globo
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